Os impactos do pólo siderúrgico de Carajás no desflorestamento da Amazônia brasileira

Autores

  • Eustáquio Reis

Resumo

O trabalho avalia os efeitos indiretos da implantação do Polo Siderúrgico de Carajás (PSC) – ou seja, a mina, a estrada de ferro e as usinas siderúrgicas, além da hidroelétrica de Tucuruí – sobre o desflorestamento da Amazônia brasileira. Para tanto, utiliza-se um modelo econométrico que quantifica as interações entre os processos de desflorestamento, industrialização e crescimento populacional das áreas urbanas e rurais. O foco nos efeitos indiretos justifica-se pela suposição que os impactos mais importantes resultariam da demanda de terras agriculturáveis induzida pelos processos
de urbanização e industrialização da região e não da pressão direta da demanda de carvão siderúrgico sobre as florestas nativas, já que essa é, em grande parte, suprida por resíduos de madeira provenientes das atividades madeireiras e
agropecuárias.
O modelo simula os efeitos dos investimentos no Polo de Carajás até o ano 2010 comparando-os com um cenário básico onde, supostamente, Carajás não teria sido implantado. Os resultados mostram que Carajás terá impactos econômicos significativos. Em relação ao cenário básico, as taxas de crescimento do PIB, no período 1985-
2010, seria significativamente maior, sobretudo no corredor da Estrada de Ferro Carajás (EFC). Como os grandes efeitos de Carajás estão praticamente restrito í s atividades
urbanas, as simulações de uso da terra nas atividades agropecuárias e desflorestamento são relativamente pequenas, exceto talvez corredor da EFC onde, em 2010, haveria 2.5% de acréscimo na área desmatada em relação ao cenário básico.
Para a área de influência de Carajás e para toda a Amazônia Legal os efeitos sobre o desflorestamento seriam negligenciáveis ou negativos. A principal razão subjacente é o aumento do preço da terra em conseqí¼ência da maior densidade populacional. Para o crescimento populacional, igualmente, os efeitos líquidos serão desprezíveis. Isso porque os aumentos de renda per capita e a migração rural-urbana associadas ao processo deprimem a taxa de crescimento populacional no longo prazo.

Biografia do Autor

Eustáquio Reis

í‰ Bacharel em Economia pela FACE/UFMG, Belo Horizonte, cursou
o Mestrado na EPGE/FGV, Rio de Janeiro, e o doutorado no MIT, Cambridge, USA. Atualmente é Diretor de Estudos Macroeconômicos do IPEA onde trabalha
como pesquisador desde 1975. í‰ Coordenador do Núcleo de Estudos Espaciais Sistêmicos (NEMESIS/ PRONEX). Foi editor de Pesquisa e Planejamento Econômico, de 1989 a 1991. De 1975 a 1986 foi professor de Economia Internacional na PUC/RJ.

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